terça-feira, 22 de julho de 2008

QUARTO ANDAR: BRANCO E AZUL

O elevador dá-lhe sempre que pensar. Sempre. Só que hoje, particularmente, dá-lhe mais do que costume. Tinha entrado. Chateada. O percurso de 15 andares incomodava-a quando tinha que fazer a maldita conversa de circunstância. O trânsito, a chuva, o sol, o metro, os autocarros, as férias dos miúdos. Lembra-se sempre, ali, do tempo em que vivia em Lisboa, num prédio de três andares. Sem elevador. É que Lisboa não tem arranha-céus mas tem trânsito. E conversa de circunstância. Naquela terça-feira, felizmente, não entrou ninguém. Que alívio, pensou. Terceiro, quarto, quinto, sexto andar. No sétimo, pim! Pim? Pronto, lá vem alguém.... Bom dia, ai que chove, ui que trânsito, etc. Qual não é o espanto quando a vê entrar. Não queria, não podia acreditar. Era ela. A sua vizinha do lado, do tal prédio de Lisboa, ali no elevador do enorme edifício de escritórios em Nova Iorque. Fizeram uma festa, conversaram e naquele dia, naquele elevador, aquelas vizinhas não fizeram conversa de circunstância. Coisas de elevadores...